Flor de Maracujá |
No meio de tantos, existia um jovem cuitelo que todos os
dias admirava o tesouro inalcançável, lamentava-se por não ter tamanho e força
para enfrentar o malvado gavião. Com passar dos dias o pequeno colibri, desenvolveu
uma forte obsessão (paixão) e traçou um plano minucioso para burlar a
vigilância do inimigo. Ele percebeu que à noite a flor estava vulnerável, o
gavião não podia vigiá-la todo momento, pois tinha de descansar.
Na noite seguinte, o audacioso colibri, voou furtivamente
por entre os abrolhos até chegar aos pés do maracujazeiro. A pequena ave foi
subindo lentamente, tão vagaroso, que era possível contar as batidas de suas
asas. Até que por fim, chegou ao seu objetivo.
A lua estava cheia e iluminava estrategicamente a bela flor.
O colibri pousou maviosamente sobre a pétala macia, suas pequenas patas
arranhavam delicadamente a fina pele da flor que estava coberta de orvalho. Percebendo
que poderia feri-la o colibri bateu asas e retrocedeu alguns centímetros e
percebeu como era linda e imponente a grandiosa flor. Como se estivesse num
ritual apaixonado, o colibri aproximou-se da flor, introduziu o seu bico e
sentiu um intenso regozijo quando sua língua bifurcada tocou o inebriante néctar,
era como o beijo ardente de um
amante.Com forte imprudência jovial,o colibri sugou uma grande quantidade de
néctar que jorrava abundante da flor,era o sabor mais doce que provara na
vida.Com grande pesar abandonou a amada pois o dia já estava nascendo.
Na noite seguinte, o colibri foi novamente ao encontro da
flor, mas foi surpreendido pelo gavião que despertou de seu sono. O gavião
perseguiu a pequena ave que rapidamente foi em direção dos abrolhos, devido ao
pequeno tamanho e agilidade, o colibri conseguiu escapar. O gavião não teve
tanta sorte, pois acabou ferindo uma das asas nos espinhos do abrolho e não
pôde mais voar.Assim o colibri se tornou o herói do pedaço e pôde desfrutar
plenamente da flor de maracujá.
Com passar dos dias, o colibri se perguntou se o néctar da
flor era o mais doce de todos, pois todo dia estava se saciando dele. Então
ficou sabendo que às margens do ribeirão havia uma roseira muito vistosa e
ficou curioso. Decidiu que iria provar o néctar desta tal rosa e assim
abandonou a flor de maracujá. O pequeno colibri passou alguns dias provando
sabores diversificados, mas não se esquecia do sabor de sua amada flor, por
fim, decidiu que iria voltar.
Ao regressar percebeu que outros desfrutavam de sua preciosa
dádiva, beija-flores, borboletas e abelhas. Aquilo despertou uma imensa ira no
colibri, pois achava que só ele era merecedor do néctar da flor, pois só
ele tinha combatido o feroz gavião. Sem pensar atacou freneticamente a flor, despedaçando-a, as pétalas caíram lentamente no chão.
Todos os animais que estavam em volta ficaram abismados, as bicadas feriram o
caule e a flor caiu sobre um formigueiro.
As formigas em alvoroço mordiam a flor e a desfiguravam rapidamente
a bela constituição, o flagelo era tão intenso que com os inúmeros ferimentos, o
néctar escorreu sobre o formigueiro.
Ao anoitecer o colibri sentiu
falta de sua flor, de tudo que ela proporcionava em sua vida e se arrependeu de ter destruído sua
felicidade.O maracujazeiro deu outras flores,umas até mais belas que aquela
flor,mas nenhuma se comparou aquela que foi especial para o colibri.
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