quarta-feira, 28 de março de 2012

Conto das Quatro Estações (outono)


Numa tarde de outono, no interior de um vale, próximo de uma velha árvore, havia um cupinzeiro. Nele habitavam uma raposa-do-campo  e seus dois filhotes. Enquanto a mãe raposa saía em busca de alimento, os pequeninos brincavam com as folhas amareladas que despendiam-se da velha árvore. Devido a curiosidade natural, os filhotes sempre se distanciavam da toca e isso lhe proporcionavam boas broncas.
   Um dia a raposa saiu bem cedo, o sol nem tinha nascido e ela já estava pronta para mais uma caça. Ela queria passar mais tempo com os filhotes, por isso decidira, que só sairia por volta do amanhecer. Uma busca sem êxito, apenas conseguira um preá, pouco para alimentar sua prole e muito para nutrir sua preocupação.
   O sol  tímido de outono sobre as árvores desfolhadas criava uma atmosfera melancólica, típica da estação. A sombra da velha árvore projetada sobre o cupinzeiro tinha um tom desolador. Um odor infestava o ar, o apurado olfato não lhe enganava, era cheiro de sangue. Um enorme temor infestou o coração da raposa, não havia sinal dos filhotes, só uma trilha de gotículas  de sangue. Desesperadamente, a raposa seguiu a trilha.
   Percorreu três metros até encontrar um denso arbusto. Ao aproximar-se, pôde ouvir um som parecido com carne sendo mastigada. A raposa transbordava de ódio, então, num ímpeto de impulsividade, saltou para dentro do arbusto. Ela não acreditava, seus olhos encheram-se de lágrimas, naquele instante, desmoronou...
   Seus filhotes haviam matado um gambá, alimentavam-se vorazmente de sua primeira caça. O alívio estremeceu a raposa que abruptamente acariciava seus filhotes. A missão estava cumprida, eles já sabiam como arrumar o próprio alimento, logo viria a primavera e os filhotes estarão prontos para o mundo.Assim pensava a raposa em constante epifania.

Orvalho


Escorre, ó lágrima vagarosa
Pelo mavioso corpo delgado
Iria você turba-se açodado
Sob aroma da flor formosa?

Umedecida pelo o alvo luar
Desperta à noite hidratada
Pelo sutil frescor arrepiada
Instintos que fazem altear

Doce e estonteante seiva!
Hidromel que brota da eiva
Nasce do diário escurecer

Ó sublime e divino trabalho
A preciosa gota de orvalho
Finda ao calor do alvorecer

domingo, 18 de março de 2012

Garoa


Para quê chuviscar?
Em meu solo árido
Só vem condensar
O meu sonho ávido
É canção que magoa
Distribuída em gotas
Torna-se ligeira garoa
No céu de notas soltas

quarta-feira, 14 de março de 2012

Boa Noite Meu Amor



“Nu reclinado em rede” Antônio Frilli. 
A noite é um longo caminho,
E mesmo assim, posso sentir.
Estou privado de seu carinho,
É mais uma noite sem dormir.
Neste momento, sinto desejo!
Minha alma crepita em ardor.
Saudade traz-me um lampejo:
Boa noite meu precioso amor.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Arco-Íris Noturno




Sob a tormenta, tomo-te pela mão,
Nós viajaremos  rumo à felicidade.
Velejando em nuvens de serenidade;
Sonhos edificados são nosso chão.

Esqueça as noites de pranto, em triste leito.
Pois até em trevas, há de brota esperança!
Com findar da tempestade, vem a  aliança:
 Emoldurar todo amor como preceito.

São meus passos cegos, no caminho escuro,
Segurando tua mão, sei, estarei seguro, 
 Sutilezas dissipam o ar taciturno.

Pois, é quando todos os loucos dizem:
Vêm ó maravilhas! Todos anjos bendizem:
Brilha surreal, raro arco-íris noturno.

terça-feira, 6 de março de 2012

Paixão Itinerante


Flor de Maracujá
Em meio ao cerrado havia uma planta que se destacava das demais, era o maracujazeiro. O motivo de seu destaque era a bela e única flor que a planta ostentava. Todos os colibris da região se inflamavam de desejo por aquela flor, muitos tentavam provar de seu néctar, mas próximo da frondosa árvore onde ficava a trepadeira, habitava um maléfico gavião. Ele sabia como a flor de maracujá incitava os colibris e antes que os pequenos pudessem se aproximar, ele os abatia.
No meio de tantos, existia um jovem cuitelo que todos os dias admirava o tesouro inalcançável, lamentava-se por não ter tamanho e força para enfrentar o malvado gavião. Com passar dos dias o pequeno colibri, desenvolveu uma forte obsessão (paixão) e traçou um plano minucioso para burlar a vigilância do inimigo. Ele percebeu que à noite a flor estava vulnerável, o gavião não podia vigiá-la todo momento, pois tinha de descansar.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Colírio dos Meus Olhos


Um vestido roto e desbotado. Os cabelos desgrenhados ao vento. Os pés descalços sobre a terra marrom, corriam ligeiros como a lebre silvestre. Trepava  na copa de árvores frutíferas, em busca do fruto mais doce.Brincava de bola no campinho, digladiava com os moleques, mas perante a truculência não perdia a ternura.
Para os conservadores,  era um ultraje, cúmulo da falta de ética, o caso perdido.Ao meu ignorante ponto de vista, era a mais linda, o júbilo personificado. O colírio dos meu olhos...

quinta-feira, 1 de março de 2012

Arte no Grande ABC

Heron Durães da Rocha
O artista plástico mineiro, Heron Durães da Rocha, 42 anos, reside na cidade de São Paulo há 20 anos, sendo 12 destes anos, dedicados a arte. Pintor autodidata, começou seus primeiros rascunhos ainda menino e afirma: "Muito do que faço hoje é reflexo da minha infância no sertão mineiro"
Tela em tinta óleo
Com liberdade e muita criatividade, o artista plástico, procura expressar a beleza do sertão  em telas sob tinta óleo, também, desferindo críticas em pinturas de protesto, utilizando-se de carvão, alguns extratos vegetais e tinta guache.Para trabalhos mais rápidos e de tons agressivos, impactando e despertando um senso crítico ao público.
Engajado em trabalhos sociais, o artista Heron, leciona em ONG's e regiões carentes, afim de retirar jovens da criminalidade e violência, dando a eles conscientização, cultura, e lazer." O  jovem só precisa de um incentivo, pois vive no descaso, a cultura pode salvar vidas"-Diz o artista plástico.
Atualmente com algumas exposições em São Paulo, o Artista vem se consolidando como um dos grandes nomes no meio cultural do grande ABC.Para melhores informações sobre seus trabalhos e projetos entre em contato no facebook:
                                                    heron-rocha1@hotmail.com

Rosa Agreste


Como pode viver assim?
Em solo seco, rachado
Da natureza faz motim
Sob o sol quente, abafado
Linda és tu rosa agreste
Solitária em meio a aridez
Beleza mítica do nordeste
Orvalho noturno lhe refez