domingo, 14 de fevereiro de 2016

Literatura Erótica Para Intelectuais




Que a trilogia Cinquenta Tons de Cinza (E. L. James) é um sucesso, isto ninguém pode negar e a editora Intrínseca faturou com ele aqui no brasil mais de 20 milhões de reais, além da rentável bilheteria proporcionada pelo cinema. E a polêmica também não foi pouca, pois duras críticas foram direcionadas contra o Best-Seller, por parte da crítica especializada e por grupos feministas que protestaram exacerbadamente, expondo a maneira degradante com que a mulher é retratada no romance.
Como gosto é igual nariz e como vivemos numa república livre, que ninguém julgue a outrem por gastar seu suado ordenado com esta obra e que não haja preconceitos literários com os leitores deste gênero.
Aproveitando ainda o tema, gostaria de saber porque tantos colegas (de profissão) desprezam este livro? Será por inveja ou como dissera um certo intelectual, amigo de longa data: “é porque é literatura de massa". Engraçado que outro dia, quando comentávamos sobre alguns clássicos da literatura universal foram citados títulos como: As joias Indiscretas, A Vênus das Peles, Mil e Uma Noites e Memória de Minhas Putas tristes.
Na boa, caríssimos leitores, existem coisas que eu não consigo compreender! Quer dizer que só porque os “50 tons” é lido pela massa, ou seja, é popular, deve ser considerado um livro ruim e não merece ser apreciado por olhos eruditos – agora deu nó na mente, porque se o livro vendera milhões de cópias, como pode ele ser ruim?
Se tu és uma criatura intelectual que escuta música erudita no café da manhã, recita Maiakovski e Petrarca de cor, além de ser versado nos mistérios das artes, linguística, história e ciências sociais, fique tranquilo! Porque tens os clássicos eróticos ao seu dispor para dar asas a sua imaginação – e ainda terás a desculpa quando alguém lhe indagares: “são apenas clássicos da literatura universal, deverias informar-te sobre o assunto”. Mas se você é apenas uma pessoa comum – assim como este que vos escreve – que come salada, arroz, macarrão e frango assado no mesmo prato, leu os Cinquenta Tons de Cinza e sentiu-se discriminado, eis que terás a oportunidade de conhecer outras obras do gênero (ou semelhantes) e expandir o seu conhecimento sobre o assunto ou simplesmente, terás um aditivo para os momentos de apologia.
Apresentarei quatro livros “respeitados” no meio literário, considerados "clássicos", mas de conteúdo nem tão nobre e que devem estar na estante de qualquer um que se diz “entendido” e aprecia uma boa escrita.

As Joias indiscretas (GLOBAL)
Escrito por Denis Diderot, escritor e filósofo, que ficou conhecido por ser um enciclopedista, As Joias Indiscretas conta a história de Magogul, que recebeu de um gênio, um anel mágico com o poder de fazer qualquer mulher contar suas intimidades sexuais. Só que não eram os lábios que confessavam e sim as joias das mulheres (vaginas) que relatavam tudo em alto e bom som. Segundo alguns, Diderot escreveu este livro em curtíssimo tempo para dar o dinheiro à amante, que ameaçava deixá-lo. Verdade ou não, hoje só restou o livro. O título custa em média R$ 30,00 e pode ser encontrado nos SEBOS por até R$ 3,00.

A Vênus das Peles (HEDRA)
O livro conta a história de Severin e Wanda que discutiam entre a relação homem e mulher, amor e papel dos gêneros desempenhado na sociedade. Após estes eventos eles firmam um contrato em que Severin propõe a Wanda ser seu escravo e ela logo assume o papel de mestra. O romance erótico de Leopold V. S. Masoch, retrata Severin sendo chicoteado e humilhado inúmeras vezes por Wanda, que a pedido dele veste-se com couro animal durante os flagelos (daí o título do livro). Esta obra é o primeiro relato de submissão sexual e servil que mescla dor e prazer de maneira totalmente voluntária. Obra máxima do masoquismo - aliás a palavra masoquismo deriva do nome do autor e este termo foi empregado pelo psiquiatra Richard von Krafft-Ebing que categorizou os relatos como aberração e eternizou o termo masoquismo em seu livro Psicopatia Sexual (PAPIRUS). O livro custa em média R$ 40,00 e é possível encontra-lo por preços mais acessíveis em SEBOS.


As Mil e Uma Noites (GLOBO)
Esqueça tudo sobre Aladim e Ali Babá (estes contos não constavam nos originais e foram uma adição posterior feita por Galland), esqueça também a telenovela homônima que passara na Band e os diversos livros infanto-juvenis. A coletânea de contos de origem oriental (Árabe/Persa) de autoria anônima, chegou ao ocidente graças ao orientalista Antoine Galland, em 1704, com tradução em francês. Porém, Galland censurou alguns trechos da obra, além de inserir mais contos (Simbad também não estava no original) para literalmente completar as mil e uma noites.
O Professor Mamede Mustafá Jarouche lançou pela editora Globo, em quatro volumes, a edição completa dos contos com tradução do texto integral direto do árabe, sem cortes e sem frescura. Segundo o autor, ele encontrou nos manuscritos antigos mais detalhes, apesar dos vulgarismos - Esta coletânea é 100% indicada por nós do Crivo Poético, pois além de ser um marco da literatura fantástica é um patrimônio da humanidade. O volume 1 custa R$ 40; Vol. 2: R$ 49; Vol. 3: R$ 49 e o Vol.4: R$ 60. Além disso, é possível conferir As Mil e Uma Noites em vários formatos de adaptações: filmes, desenhos, quadrinhos e até RPG.

Memória de Minhas Putas Tristes (RECORD)
A Primeira obra de ficção de Gabriel Garcia Marquez conta a história de um velho jornalista de 90 anos que decide se presentear com uma noite de prazer com uma adolescente de 14 anos. “No ano de meus noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem”, assim começa o livro de Marquez – Antes que alguém tenha repulsa e comece a vomitar – saiba, porém, que ele não faz nada com a menina (spoiler) e durante a narrativa o protagonista narra inúmeras desventuras com prostitutas e amores passageiros. Este livro vendeu milhões de cópias pelo mundo e há várias edições dele aqui no Brasil. O preço em média é de R$ 25,00, mas em sebos é possível encontra-lo por R$7,00.


Independente de popular ou intelectual, literatura de massa ou erudita, creio que a maioria das pessoas que procuram por este tipo de literatura o fazem por um motivo, entretenimento (verdade?). O fato de um livro vender mais que o outro ou de um grupo de pessoas gostar de um determinado título, não define quão bom um livro é, o único que pode dar tal veredito é o leitor, pois o livro é feito única e exclusivamente para ele.  Faltou algum livro na lista? Deixe um comentário com o título

Um comentário:

  1. Depois desta postagem recebi muitos pedidos de uma resenha da trilogia Cinquenta tons de Cinza. Agradeço a todos que entraram em contato comigo via e-mail, porém, não farei uma resenha deste título. O motivo é que eu não li nenhum livro desta saga e já existem ótimas e criteriosas resenhas sobre este título, disponíveis na Web.

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